Os transtornos alimentares são perturbações no
comportamento alimentar e trazem diversos prejuízos às pessoas que vivenciam ou
convivem com as manifestações destes transtornos. Nas últimas décadas a
incidência destes transtornos aumentou significativamente. Um dos principais
fatores relacionados é o sócio-cultural, ou seja, os valores presentes na
sociedade. Comumente são difundidos em nossa sociedade os modelos de forma
física e aparência tidos como corretos e sempre perpassam pela aparência
estética do corpo, sobretudo, a magreza. A mensagem de que a beleza, felicidade
e autovalor associam-se a um corpo magro é constante, podendo gerar
preocupações extremas com o peso e formato corporal. Nesse contexto, algumas
pessoas tentam se adequar a esse padrão imposto de beleza a qualquer custo,
visando serem aceitas e valorizadas. E este é um contexto propício para a
instalação de um grave transtorno alimentar, a bulimia nervosa.
Além
de ditar padrões de magreza, nossa sociedade incentiva muito mais hábitos de
alimentação não saudável, fazendo com que os valores alimentares sejam
invertidos.
Teoricamente Bulimia significa apetite e a
classificação nervosa está relacionada à compulsão. O quadro de bulimia nervosa
é caracterizado pela presença de episódios bulímicos, ou seja, momentos onde a
pessoa tem compulsão alimentar (come uma grande quantidade de alimento em curto
período de tempo), caracterizando falta de controle sobre o comportamento
alimentar. Em seguida a pessoa com bulimia nervosa empenha-se em comportamentos
compensatórios para prevenir o ganho de peso como: vômitos auto-induzidos, uso
inadequado de laxantes, diuréticos, enemas e outros medicamentos, dieta
restritiva, jejum, exercícios excessivos exagerados.
No geral estas pessoas se veem extremamente
divididas, pois sentem além da necessidade orgânica de se alimentar, prazer e
alto nível de satisfação com a ingestão de alimentos. Por outro lado têm alto
gasto de energia psíquica associada ao sentimento de culpa no intuito de manter
ou perder o peso idealizado. A auto-avaliação que a pessoa acometida pela
Bulimia Nervosa possui é inadequadamente influenciada pelo peso e forma
corporal acompanhada por um medo excessivo de engordar. A atitude em relação ao
peso é extrema: pesam-se compulsivamente, evitam a balança ou tendem a se
considerar sempre acima do peso. Também, normalmente encontra-se presa a um
ciclo vicioso iniciado com regimes rigorosos e dieta restritiva.
Muitas pessoas
costumam achar que a Bulimia Nervosa atinge somente as mulheres e isso não é
verdade. A Bulimia Nervosa atinte mulheres e homens, o que muda é apenas a incidência
entre os sexos, pois culturalmente os padrões de beleza ditados pela sociedade
são muito mais rigorosos com as mulheres e consequentemente elas se engajam
mais nos comportamentos bulímicos.
Tais estratégias estabelecem um estado de privação
que aumenta a probabilidade de engajamento em nova compulsão alimentar que, por
sua vez, aumentam os comportamentos compensatórios, como o vômito. Em seguida,
o vômito é mantido pela redução do desconforto físico decorrente da distensão
abdominal e pela redução do medo de engordar, tornando um redutor geral da
ansiedade. Nesse caso, ele torna um fim em si mesmo, pois o que a pessoa julga
ser a solução, na realidade mantém o problema.
Os episódios de compulsão geram culpa, sentimento
de fracasso e medo de engordar. Já os comportamentos compensatórios geram
alívio imediato e também culpa e vergonha. A Bulimia Nervosa produz alterações
cardiovasculares, gastrointestinais, hidroeletrólíticas e metabólicas nocivas à
saúde. Secundariamente aos vômitos pode-se observar desgaste dentário,
hipertrofia das glândulas salivares e cicatrizes no dorso da mão. O tratamento
analítico comportamental é direcionado para o estabelecimento de comportamentos
adequados, isto implica na extinção de regimes e dietas restritivas.
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