sexta-feira, 29 de junho de 2012

MEU PRIMEIRO RELATO


Vou tentar colocar aqui nessas linhas um pouco do que temos vivido; os ensinamentos para cuidar de uma pessoa com a doença, dicas, e assuntos importantes, tudo bem resumidamente, mas com conteúdo e entendimento necessário.  Penso até que será útil para divulgação no Colégio e no mundo.

A maior parte das informações está relatada de acordo com o que vivemos com a minha filha, que tem os transtornos alimentares, bulimia e anorexia.
OBS: Todas que tem anorexia têm bulimia. Não significa que são transtornos alimentares iguais, mas um leva ao outro.

Distúrbios Alimentares
O que a família precisa saber:
Admita que tem um problema grave em casa. Saiba que a taxa de mortalidade e complicações físicas são altas. Às vezes as melhorias iniciais não representam avanços concretos. Cada dia de atraso no tratamento pode representar um risco no aumento da cronificação do quadro. Geralmente a família sofre porque não consegue ajudar. A necessidade de controlar o peso e a alimentação, bem como os cuidados para que o doente tome a medicação certa, são batalhas diárias. As recaídas e o isolamento social são frequentes. Raramente o tratamento vai até o final com o mesmo médico ou terapeuta que diagnosticou a doença. A pressão dos pacientes em mudar de profissionais, associada à ansiedade das famílias em ter resultados rápidos, faz com que a troca de profissionais responsáveis pelo tratamento ocorra com frequência o que retarda o processo. Deixe claro que você se preocupa. Demonstre que a sua preocupação está relacionada com a saúde física e emocional da pessoa. Deixe claro para o paciente que se trata de salvar sua vida, quer ele queira ou não, você sempre vai estar ao seu lado e participar do seu processo de tratamento.

Duvidas mais comuns:

Estamos diante de uma doença?
Sim. E uma doença grave!
Pais, familiares devem ficar atentos aos sinais. Como eu fiquei. Mudanças no comportamento, dietas que não difere das amigas do Colégio, menos comunicativa, muito exercício físico, estes são alguns sinais de alerta.

É um capricho?
Esta é a pergunta feita pelos pais que acreditam que o comportamento da sua filha deve ser isso mesmo. Apenas um capricho, uma mania de adolescente.
Estamos diante de filhas que sempre se comportaram de maneira normal, como se espera, nunca causaram problemas em casa. E agora, repentinamente, tem atitudes inesperadas para os pais.
Muitas vezes existe uma alteração na personalidade, às vezes são hostis e agressivas, e a harmonia familiar se abala.
Os pais sempre devem prestar atenção a estas mudanças de comportamento.

Devem ser problemas de adolescência?
Muitos pais pensam que esta situação se resolverá com o passar do tempo, que é apenas circunstancial.
Seu interesse por ficar magra não difere da maioria das pessoas. Pensam: Afinal, não deve ser nada demais, porque todas as garotas fazem dietas. São questões de saúde, pensamos.

O que eu fiz de mal para que isso acontecesse? Quem é o culpado?
Chegamos ao ponto em que a situação é quase insustentável. Não sabemos mais como ajudar, o que fazer. O que se passa com a sua filha, e com sua família. Tudo se torna um caos, não conseguimos controlar a situação. Então os pais se perguntam: O que fizemos de errado? Aonde falhamos?

Se eu falar com minha filha, ela entenderá e mudará de atitude?
Esta é uma das últimas tentativas para reverter à situação. Lamentavelmente não dá resultado. Sua filha não reconhece que está doente, não tem consciência da doença. Por isso não quer se curar. Só alguém que se percebe doente, busca a cura. No caso da minha filha ela tem consciência da doença, busca a cura há um ano, mas não é tão simples assim; entendem não é tão simples assim.
 Você não deve se esforçar no sentido de tentar convencer sua filha. O melhor caminho é buscar uma solução efetiva através da busca de um especialista. Este é o caminho mais seguro para se preservar a saúde. O DIAGNOSTICO E TRATAMENTO PRECOCE DO PROBLEMA.

Minha filha tem anorexia e bulimia?
Anorexia
Tenho conversado muito com pais que tem filhas com esses transtornos e eles perguntam se algumas condutas das suas filhas são na realidade caprichos de adolescentes, se obedecem a crises de identidade ou se são comuns a todas as garotas.
Muitas vezes não associamos algumas atitudes que isoladamente não são importantes, mas que em um conjunto podem confirmar uma Patologia Alimentar grave: a ANOREXIA NERVOSA.
Resumirei brevemente algumas alterações físicas que a doença produz atitudes frente à comida típicas da anorexia, e também condutas sociais próprias da doença. É oportuno salientar que quem sofre de Anorexia não reconhece estar doente, tem um medo intenso de aumentar de peso se veem gordas. Estas três razões básicas se potencializam e dão como resultado uma obsessão Por emagrecer que não tem limites. É necessário então aprender a detectar a doença. Não duvide que conhecer a Anorexia, e aceitar que sua filha possa ser vitima desta doença, seja o primeiro passo para o tratamento.
Bulimia
A Bulimia Nervosa é uma doença que pode ser chamada de segredo que mata. É muito difícil detecta-la, porque na maioria dos casos não existe um peso significante baixo para chamar a atenção, como no caso da Anorexia. As condutas patológicas altamente secretas daqueles que têm a doença, não permitem perceber com facilidade um sinal de alerta que nos indique uma possível doença. O comer escondido nos impede de detectar os atos de voracidade. A compulsão é uma conduta que se pratica escondido.
Na maioria dos casos é assim que funciona, mas com a minha filha, ela come sim muito escondido, a casa toda, compro 10 pães, para a noite e manhã, e quando assusto sumiram os dez pães em questão de minutos, digamos ao certo, cinco minutos dez pães são consumidos vorazmente.
O abuso de laxantes, vômitos, diuréticos e/ou anorexígenos também se oculta. Mas quem detecta estas condutas? No caso da minha filha, ela até então não tomou nenhum destes medicamentos e nem provocou o vomito, simplesmente o cérebro condicionou a vontade de permanecer magra, de que o estomago está muito cheio, e assim automaticamente ela põe para fora todo o problema, sem esforço, sem força, mas com dor, muita dor e amargura. Sei de todos esses detalhes porque ela me deixa a par de tudo, ou quase tudo, me relata seu dia com detalhes, sem eu precisar pedir que ela se desabafe e alivie a sua dor.
A Bulimia nos esconde os seus atos. Devemos então a nos converter em observadores, prestar atenção a mínimos detalhes que podem ser reveladores, devemos aprender a detectar a Bulimia.


Os argumentos mais comuns de uma filha doente:
“““ “““ A “verdade universal” que todo doente de Anorexia e Bulimia proclama é muito difícil de rebater para quaisquer pais, por isso devemos prestar atenção especial na frase:” ESTOU BEM”, isto é o que elas afirmam. E esta é a base da sustentação da doença. Também merecem uma breve análise as argumentações que comumente utilizam para justificar as condutas patológicas, abaixo consideram algumas delas:
-Estou saudável. Não estou doente: temos que levar em conta que a paciente não tem consciência da doença. Além disso, pode apresentar algum grau de distorção da imagem corporal (se vê gorda, e quanto mais magra, mais gorda se vê). O medo de engordar está presente. E a combinação de todos estes fatores, resulta em uma atitude defensiva, frente à possibilidade de qualquer tipo de alternativa terapêutica de tratamento que a engorde. Diante desta situação, ela sempre negará a doença, e nunca estará disposta a uma consulta com o médico, psicólogo, ou com o nutricionista. No caso da minha filha, ela busca ajuda desde que se viu com Anorexia e Bulimia, tem atendimento com psicólogos (2), nutricionista, Cardiologista, psiquiatra, endocrinologista, gastroenterologista, homeopatia, dentista, dermatologista, mais um núcleo chamado NIABE, no Hospital das Clínicas, indicado pelo Colégio P, com a ajuda da Coordenadora.
-Quero engordar, mas...
-A comida me cai mal. Não estou bem do estomago...
-Agora sou vegetariana...
-Minhas atividades me impedem de comer em casa...
-Tenho dificuldade de ir ao banheiro, por isso tomo laxantes...
-Não sou mais criança para que me controlem...
-Não quero que ninguém entre no meu quarto...
-Não aos tratamentos...Promessas...Estou bem; estou melhor;prometo que vou comer, etc...
OS TRANSTORNOS ALIMENTARES E A FAMÍLIA

Uma família que se defronta com um membro afetado por um transtorno alimentar se transforma no local propício para a falta de comunicação, silêncios dolorosos, recriminações tardias, sentimentos de culpa, e frequentes promessas de mudanças. Por isso a família jamais deve ser culpada da doença. Mas sim reconhecer a responsabilidade de si mesma no problema. Este reconhecimento da família como parte e não causa da doença faz parte do processo de tratamento do paciente. Muitos pais têm dificuldade de entender que sua filha, não deseja ser como uma modelo. Ela deseja emagrecer até morrer.
O envolvimento e tratamento da própria família é fundamental porque ao se confrontarem com um transtorno alimentar, a família é abalada.

QUANDO O TRATAMENTO DA EMERGÊNCIA É NECESSÁRIO

·         Perda rápida do peso, tal como mais de 8 quilos em um período de quatro semanas.
OBS: Nesta crise que minha filha está ultrapassando agora, ela perdeu cinco quilos em quatro dias, somando em uma semana sete quilos.
·         Uso descontrolado de medicamentos.
·         Depressão e ou sinais que indicam que pode ferir-se.
·         Taxa de coração lenta.
·         Esgotamento, exaustão.
·         Espasmos musculares dolorosos.
·         Cansaço rápido ao exercitar-se.
·         Volume de urina diminuído.
·         Desmaios.
·         Desequilíbrio severo dos eletrólitos. (Geralmente causado por vômitos).
Nesta crise, recaída de agora a minha filha teve seis dos itens de emergência citados acima.

ABANDONO AO TRATAMENTO

Existem dois tipos de não resposta.
Refrataria: pacientes que não tem nenhuma resposta ao tratamento.
Parcialmente responsivas: pacientes que permanecem com bulimia em menor grau, ou, alternando de melhora e piora.
Existem muitos casos de abandono ao tratamento, 60% ABANDONAM O TRATAMENTO, NO PRAZO MÁXIMO DE seis MESES.
As pacientes abandonam o tratamento por não melhorar; seja por falta de interesse em para os episódios bulimicos e comportamentos compensatórios, ou incapacidade de conseguir por algum outro tipo de pressão externa, social ou familiar.


O QUE NÃO FAZER

NÃO se sentir culpado. Não existem pais perfeitos, mas sim bem intencionados. Os relacionamentos familiares são apenas uma parte da história do transtorno alimentar, além disso, em qualquer caso, o PASSADO É PASSADO. O importante é saber que o que você fazer AGORA para ajudar a sua filha.
NÃO permitir que a comida seja uma arma.
NÃO fale sobre o seu aspecto físico, não diga coisas como: Você está magra demais, ou, Você engordou e ficou muito bem assim, qualquer comentário pode aumentar a sua obsessão com o aspecto corporal.
NÃO mimar. Demonstre compreensão, mas não superproteja.
NÃO permitir que seja ela quem determine os horários da família.
NÃO troque de papeis com sua filha.
NÃO se deixe manipular.

O QUE FAZER O SIM
Demonstre através de atos e palavras que você a ama e respeita, mas assegure-se de que ela entenda que você também tem sua vida.
Combata o perfeccionismo nela e em você
Seja paciente e viva somente o presente. Recuperar-se de um distúrbio alimentar leva tempo.
Reconheça e respeite as ideias e opiniões dela, mesmo que elas sejam diferentes das suas.
Seja um modelo, expressando suas emoções e sentimentos. Quem apresenta distúrbios alimentares, tem uma dificuldade de expressar seus sentimentos. A expressão emocional é refreada.
Os pais devem se mostrar unidos e não emitir comportamentos diferentes. Se existem opiniões diferentes, discuta sem a presença do paciente. Diante dela vocês devem ter uma mesma opinião.

COMO AJUDAR A SUA FILHA

É IMPORTANTE SER HONESTA, DIRETA, E COMPREENSIVA. Use sempre o EU, ao invés de VOCÊ. Diga a pessoa que você está realmente preocupada com o que está acontecendo. Apoie mas não tente ser seu terapeuta. (Ela procurou à ajuda e eu a apoiei a ajudando, direcionando, e buscando os profissionais competentes. Que hoje são os médicos que fazem parte do seu tratamento. São eles, psicólogo, psiquiatra, nutricionista, endocrinologista, homeopata, cardiologista, dermatologista, dentista, núcleo de apoio, chamado NIABE do Hospital das Clínicas, indicado e encaminhado pelo Colégio P).
Sempre ofereça a sua companhia.
Não ajude a negar com o seu silêncio. Fale das coisas que você observa e que te preocupam. Reafirme sempre que está disposta falar sobre o problema, mas só se ela quiser, e quando quiser.
A família, os parentes, os amigos bem intencionados, que se envolvem, se centram em temas de controle e se você tentar controlar a pessoa com anorexia e bulimia, ela sempre ganhará.
Não tente manipula-la com subornos, recompensas, castigos ou culpa. Nenhuma destas táticas funciona. O APOIO É A CHAVE. Tanto se a pessoa está em tratamento, como se não está, não cometa o erro de tentar mudar o seu comportamento. Que seja ela que o faça, ela é a única capaz de fazê-lo. A mudança não se dá do dia para a noite. Se as pessoas implicam em excesso perde a credibilidade.

COMO SE EXPRESSAR DIANTE DE ALGUÉM DOENTE

Ignorar ou evitar o problema não ajuda. Pessoas que se recuperam de um transtorno alimentar dizem que foi muito importante que sua família e amigos continuaram sempre ao seu lado, dizendo e repetindo sempre as mesmas frases de apoio e encorajamento, porque em determinados pontos estas mensagens foram atendidas.
Utilize uma aproximação calma, sem confrontos, que demonstre apoio. Dê alguns exemplos de comportamento que estão deixando você preocupado, usando declarações como:
Eu ouvi você vomitando no banheiro, isso me assusta. Vamos procurar ajuda.
Me desculpe mais eu não vou deixar você fazer tudo o que quer, porque eu sinto como se estivesse ajudando você a se destruir.
Somente podemos falar e ter atitudes assim, em momentos de muita calma da paciente.
Evite declarações de acusação:
Você tem que comer alguma coisa.
Você está fora de controle, deve estar maluca.
Evite soluções simplistas: “Porque você simplesmente não para de vomitar?”.
“Assim tudo vai ficar bem.”

TRANSCRITO DO SITE DE CARLOS ALBERTO PEIXOTO

No dia 20 de maio de 1999 nós perdemos a nossa filha, vítima de anorexia e bulimia. Desde então procuramos nos informar sobre as doenças e firmamos um propósito de auxiliar todos aqueles que porventura enfrentam o problema em seus lares e carecem de mais informações à respeito, o que, infelizmente, aconteceu conosco.
Graças às nossas pesquisas, já fomos procurados por centenas de jovens e pais que, desesperados, às vezes nos procuram para obter orientação de como proceder para salvar suas filhas.
A alegria é imensa quando recebemos o retorno, alguns meses mais tarde, de que a filha está se recuperando; aceitando o tratamento e aumentando de peso. A nossa satisfação é tal que cada resultado positivo vamos reduzindo aquele sentimento de culpa que nos acompanha desde o triste acontecimento que vitimou a nossa filha Paula.

A DOR E O PRECONCEITO

Quem ainda não ouviu os comentários?
Bulimia é uma idiotice, QUEM NÃO CONSEGUE PARAR É PORQUE NÃO SE ESFORÇOU O SUFICIENTE. Bulimia é um exagero, é nojento. Bulimia é para quem é superficial, patricinha mimada. Bulimia é doença de meninas, de adolescentes. Você prefere morrer para ser magra? Bulimia é para quem não tem nada na cabeça. Tantas pessoas passando fome, e você aí vomitando. Deus castiga. Enfim, eu concordo que bulimia é horrível, não só eu, mas muitos que passaram e passam por isso. Porém a dificuldade para se curar não é falta de vontade, nem falta de uma crença espiritual. UMA VEZ EU OUVI QUE ERA BULIMICA PORQUE AINDA NÃO TINHA DEUS NA MINHA VIDA. POXA, PORQUE NÃO FAZEM ESTE COMENTÁRIO INFELIZ PARA OS FUMANTES? SERIAM TODOS FUMANTES ATEUS?  A bulimia é um vício e me deixa triste esses tipos de comentários. Ao contrário do que todos imaginam a bulimia não é uma doença superficial. Ela é uma doença que parece te agarrar na alma. Ela deixa de ser só estética e vira psicológica, sair dela mexe com seus piores medos e suas piores fraquezas. MAS COMO DIVIDIR ESSE PROBLEMA COM ALGUÉM E COMO PEDIR AJUDA, SE O MUNDO EXTERNO NÃO INTENDE A BULIMIA? Como conversar com alguém a respeito, se esse alguém a julga de idiota, mimada, louca e sem Deus no coração?
Quando eu estava bulimica tinha vergonha até de rezar, não me achava merecedora de qualquer ajuda, porque nem a ajuda Divina me tiraria dessa. Mesmo que por um milagre eu parasse de vomitar, não curaria minha mente e me sentiria desesperada com essa nova condição. Me sentia hipócrita.
AS VEZES ACHAMOS QUE PODEMOS PARAR NA HORA QUE QUISERMOS QUE SÓ DEPENDE DE NÓS, MAS NÃO É ASSIM. Quem tem Bulimia precisa de toda ajuda e compreensão do mundo. Não falo para apoiar o ato. Eu falo para quem está assistindo de fora de se colocar do nosso lado. Observar nosso mundo com nossos olhos. NÃO JULGAR A DOENÇA COMO COISA DE GENTE IDIOTA. Bulimia é sim uma fraqueza humana, em homens e mulheres. E como todos os homens e mulheres que conheço, todos tem suas qualidades e seus defeitos. NÃO É FRESCURA, BULIMIA É UMA DOENÇA E DEVE SER TRATADA COMO TAL.
Quem tem a doença se envergonha e se esconde. MESMO AQUELES QUE SE DIZEM A FAVOR DA MIA NÃO APARECEM COM SEUS ROSTOS E NOMES. Talvez essas pessoas apoiam aqueles que a sociedade recriminam, por também se sentirem recriminados. Pois mesmo quem se diz a favor da bulimia sabe o sofrimento que isso causa. Mesmo quem se diz a favor também chora por ser assim.  
Talvez existam pessoas que defendem a mia pela carência e falta de compreensão do mundo externo. SE NÃO HOUVESSE TANTO PRECONCEITO NA SOCIEDADE, OS BULIMICOS PROCURARIAM AJUDA COM MAIOR FACILIDADE.
MAS O PRECONCEITO MAIOR DE TODOS AINDA É SEM DÚVIDA É O PRECONCEITO INTERNO.
TERRI SCHIAVO
O mundo assistiu comovido o drama que levou Terri Schiavo a morte. Após batalha nos tribunais foi concedida ordem judicial para retirada dos aparelhos que a mantinham viva.
Terri era bulímica e, em 1990, após anos de sofrimento, teve parada cardíaca por déficit de potássio, decorrente dos métodos purgativos que utilizava (vômitos, laxantes, diuréticos). Mesmo reanimada, sofreu lesão cerebral irreversível que a levou a vida vegetativa.
Foi mais uma vítima da bulimia! Mais uma das muitas que morreram direta ou indiretamente vitimadas pela doença, fora aquelas que são portadoras de sequelas irreversíveis.
Não fosse a celeuma provocada pela batalha judicial, o caso de Terri não viria a público. Seria mais uma vítima anônima, como tantas.
Terri não iniciou uma dieta para “ter bulimia”, muito menos para morrer! Como muitas mulheres, buscava o “corpo ideal”. Suas fotos da época mostram uma mulher bonita e elegante, como muitas que buscam emagrecimento, mas que tinha uma visão distorcida de si mesma: “se via gorda”.
Morrer de Bulimia?
A Bulimia não é uma distúrbio especifico de adolescentes, existem muitas mulheres que vivem este drama. Tão pouco é uma doença exclusivamente do sexo feminino, apesar desermos a maioria, hoje em dia já é normal encontrar alguns homens bulímicos.

Infelizmente é uma doença que vem crescendo ao redor do mundo e pode demorar anos até a patologia ser descoberta por algum familiar, ou um amigo. A doença pode deixar marcas irreversíveis e até levar um indivíduo a morte.

Nunca achei que pudesse morrer de bulimia, achava que era um sensacionalismo de quem queria me ajudar. Para mim quem morria de distúrbio alimentar eram apenas as anoréxicas, e descobrir mais tarde que este era um grande engano.

Talvez as anoréxicas sejam até mais fáceis de serem salvas, pois as mesmas aparentam uma imagem doentia e a bulimia não se apresenta na imagem e sim nos sinais.

A família ao perceber a magreza anormal de uma anorexia, a leva para um tratamento imediato ou até a uma internação em casos mais sérios. No entanto,
 quem tem bulimia consegue esconder a doença na forma física, que na maioria das vezes, nada se parece com a anorexia. Porém, internamente o seu corpo se encontra muito debilitado, com, falta de nutrientes diário e um stress emocional muito grande. Ao ponto de poder sofrer uma parada carde respiratória a qualquer momento; sem contar outros perigos da doença que serão mais pra frente citados.

Este distúrbio alimentar dribla a sociedade e se esconde entre as pessoas.
 Há muitas bulimias e bulimicos a nossa volta e nem percebemos. 

Quando eu estava doente podia jurar que ninguém desconfiava do meu segredo
, talvez estivesse certa, era cautelosa escondia um perfume na bolsa, chegava a passar o papel higiênico na privada para não deixar rastro de vomito. Morria de medo que alguém desconfiasse, mesmo que esse alguém fosse um estranho no banheiro do shopping.
Algumas Consequências
Falta de informação 

Se eu soubesse as consequências da doença talvez não tivesse entrado nessa.
A única informação que eu tinha é que sendo bulimica, eu poderia morrer. Muitas vezes é a mesma informação que ouvimos sobre as drogas. Mas ninguém que se droga pela primeira vez, ou que vomita para se livrar da culpa da gula, acredita que vai enfartar ou morrer por overdose. 
Eu não acreditava que era capaz de engasgar com o próprio vomito e nem regurgitar tanto ao ponto de ficar fraco e morrer. Se eu falar que isso não acontece vou estar mentindo, mas antes mesmo de citar a morte como um dos perigos,
 devo alertar sobre outros fatores desagradáveis que acompanham a doença e que infelizmente eu descobrir isso depois.

1. Descalcificação dos dentes
Até os meus 15 anos nunca tive uma cárie, meus dentes eram brancos e saudáveis. Com a prática de regurgitar depois das refeições,
 a pessoa libera o suco gástrico junto com os restos de comida. Suco gástrico é o acido que existe no seu organismo para trabalhar na digestão. Ao passar entre os dentes, ele danifica a proteção da arcaria dentária, vai desgastando e descalcificando ao longo do tempo. Sem proteção o dente fica frágil, as cáries se instalam com maior facilidade e muitas vezes o dente acaba quebrando. 
A probabilidade de você perder um dente antes da hora por causa da bulimia é alta, não apenas um, mas sua arcaria dentária inteira vai sentir as conquesequencias do suco gástrico.

Não adianta escovar os dentes depois do vômito. Aliás, pode ser até pior,
 pois uma vez que seus dentes receberam um “banho de acido”, não é recomentado que você os escovem logo em seguida para se livrar do mau gosto. A escova acaba lixando os dentes e piorando a descalcificação sem que você perceba.

2. Queda de Cabelo e Unhas Fracas
Queda de cabelo pode estar relacionada ao estresse emocional.
 A perda de cabelo meche muito na autoestima das pessoas. Ser bulimico e esconder uma vida dupla é muito estressante. A falta de nutrientes no corpo, a má alimentação, tudo isso muda o funcionamento do nosso organismo. Nunca vi uma mulher ficar totalmente careca por ser bulímica, mas presenciei falhas no meu próprio cabelo ao ponto de até hoje sentir o reflexo de quando eu era bulímica.

Em uma das tentativas de cura, resolvi entrar em um grupo de ajuda, não parei de vomitar, mas aprendi muito sobre a doença, Conheci outras meninas que tinham o cabelo quebradiço, fraco e com algumas falhas no couro cabeludo. Eu nunca tive problema com minhas unhas. Na verdade eu nunca me importei em ter unhas compridas e bonitas. Mas era outro reflexo da doença, muitas reclamavam de suas unhas fracas.

ELAS SE TORNAM VICIANTES E DOMINAM SEU CÉREBRO COMO DROGA!
NÃO ENTRE NESSA! É UM CAMINHO SOFRIDO.


Bibliografia: 

Lewis, H. L., y Mac Guire, M. P. (1985). Review of a group for parents of anorecties. Journal of Psychiatric Research19, 453-458.

Garner D, Inventario de trastornos de la conducta
alimentaria. Madrid, TEA editores, 1998:8-17.

Baeza I. Trastornos alimentarios: Bulimia nerviosa.
Práctica Psiquiátríca, 1999 (1):6-7.

García Rodríguez F. Las adoradoras de la delgadez.
Anorexia nerviosa.Madrid. Editoríal Díaz de Santos,
1993:79-89.

              Potira Marie
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RELATO DA MÃE DE UMA FILHA COM TRANSTORNO ALIMENTAR

Aqui relato, poucas das muitas pesquisas, estudos, documentários, textos, curiosidades, informações, de milhares que li.  A importância desses relatos e pesquisas não sei se vou conseguir que todos os leitores percebam a grande importância do saber, MAS EU SINTO A DIFERENÇA DE QUANDO ESTAVA LÁ, HA UM ANO ATRÁS SEM INFORMAÇÃO NENHUMA DO QUE ESTAVA ACONTECENDO COM MINHA FILHA. Como é bom saber, poder ajudar, ser útil, amparar, dar colo, e ser firme também nos momentos corretos.
Todos que estão próximos, seja em família, os amigos, os médicos, a equipe do Colégio, e todos que tem conhecimento de que a pessoa tem bulimia e anorexia, tem obrigação de saber lidar com o problema. É um problema social, que requer cuidados específicos, formas, jeitos de coordenar, o que dizer como agir, compreender.
É ter o conhecimento que é uma doença grave, difícil de curar, de muita demora. São mais de 15 anos para um sucesso absoluto, com vigia para o resto da vida, pois elas podem ter recaídas mesmo com 40, 60, ...anos. Estas palavras não falo sem certeza e conhecimento, é a mais pura verdade, ditas por médicos competentes, pais de meninas que têm até hoje o problema que começou à 20 anos atrás, pesquisas. É uma parte do cérebro condicionado. Nós nos locomovemos, nos alimentamos, ouvimos, falamos, respiramos, nosso coração bate, etc. De onde vem o comando para tudo isso? Onde está condicionada todas essas informações? No nosso cérebro. Por isso é tão difícil curar de uma bulimia e anorexia. Por isso milhões morrem o tempo todo. Não estou descontrolada, nem desesperada agora, mas tenho direito de ficar se assim sentir que estou, e que preciso estar. O que vivo, e milhares de mães vivem, e outras que só vão saber depois da morte de suas filhas; é sem noção de sofrimento. Fico firme, mas tenho direito de gritar de vez em quando. E grito, choro, descabelo, mas com pessoas que acredito serem amigas de verdade, que conhecem o problema que tenho, pois se fizer isso com outras pessoas, vão mandar você fazer tratamento, buscar ajuda. E olha que pessoas que têm o conhecimento de tudo que paço já me mandou buscar ajuda. Não tenho problemas em procurar ajuda, não é isso que quis dizer, tenho é muita tristeza de saber que as pessoas não compreendem as outras que sofrem. Não quero minha filha morta em meus braços e tenho direito de não querer e aceitar, por isso busco, acredito, e vou a luta para salvá-la. Não estou sendo ríspida, estou sendo realista; preciso ser neste caso.
Minha filha tem bulimia e anorexia à um ano e um mês, ela fez uma reeducação alimentar perfeita, emagreceu 26 quilos. Nada de errado com a dieta, até virar obcessão, já não comia nada mais. Comecei a trabalhar na ocasião, e quando ela chegava para almoçar eu estava saindo atrasada para o trabalho, mas mesmo assim dizia em tom forte: Coloca carne aí, não estou vendo arroz, feijão, só salada não dá. E saia para trabalhar na esperança que minhas ordens seriam atendidas. Mas não foram.
Observei que ela emagrecia mais e mais, e logo vi a anorexia. Ela desmaiava muito, sua pressão caia demais, faltava oxigenação no cérebro e ela desmaiava. Passou mais ou menos um mês dessa forma, e de repente depois de um mês, ela comia em segundos tudo que via pela frente, em muita quantidade. Falava que estava com muita fome. Dizia; minha filha o que está acontecendo? Mas sempre tinha desculpas, tipo: para mãe estou com muita fome. Hoje relatando aqui para vocês o que houve, descobri que demorei muito para descobrir a doença da minha filha. Demorei dois meses. Desconfiava, mas tive certeza só quando ela me pediu, implorou, ajuda. Foi quando foi em uma festa e desmaiou lá, quase não voltou por causa da hipoglicemia baixa. E no outro dia me implorou ajuda, que estava morrendo, estava com bulimia, e que não queria mais viver tudo aquilo. Foi tão rápido a evolução das doenças, o poder do nosso cérebro é tudo. Muito forte esse sofrimento. Fui buscar ajuda, saí com ela, indo a hospitais, como o André Luiz, Madre Tereza, hospital da Unimed na Av. do Contorno. No André Luiz não aceitavam menores, no Hospital Madre Tereza também não, foi onde me indicaram o Hospital da Unimed. Onde fomos, e só piorou a situação, enfermeiros afirmando que bulimia não é coisa grave e que não iria atender lá, indicando o consultório, onde o médico disse que bulimia é coisa de novela, enfermeira escondendo a ficha para não atenderem minha filha, que voltou para o pronto socorro, com pedido do médico para emergência, pois ela estava em uma crise e desmaiando.
E voltamos para casa sem atendimento e eu indignada, revoltada. Fiz uma ocorrência na Unimed que não deu em nada, mas pelo menos minha filha foi atendida no mesmo dia, com médicos profissionais na área de bulimia e anorexia, exigida por mim que fosse a consultório e não em hospitais.  Começamos o tratamento com os médicos, de especialidades já citadas no contexto acima. Há um ano, e um mês estamos fortes e incansavelmente, buscando a cura; com terapias, medicamentos; a força de vontade da minha filha. Trocas de tratamentos, idas, e vindas, nos hospitais para hidratá-la e aliviá-la com os medicamentos venosos para aliviar as dores no estômago, no intestino. Há um mês e meio atrás descobrimos que ela contraiu uma sequela da bulimia. Uma Síndrome do Intestino Irritável. Abaixo um resumido conhecimento da SII.
O que é Síndrome do intestino irritável?
Sinônimos: Cólon irritável, colite espástica
A síndrome do intestino irritável (SII) refere-se a uma doença que envolve dor abdominal e cãibras, além de alterações nos movimentos intestinais.

Causas

Existem várias possíveis causas da SII. Por exemplo, pode haver um problema nos músculos do intestino ou o intestino pode ser mais sensível a alongamento ou movimento. Não há problema com a estrutura do intestino.
Não é claro o motivo pelo qual os pacientes desenvolvem a SII, mas em alguns casos, ela ocorre depois de uma infecção intestinal. É chamada SSI pós-infecciosa. Também pode haver outros desencadeadores.
O estresse pode agravar a SII. O cólon é conectado ao cérebro por meio de nervos do sistema nervoso autônomo. Esses nervos se tornam mais ativos em momentos de estresse e pode fazer com que o intestino seja espremido ou se contraia mais. Pessoas com SII podem ter um cólon que seja excessivamente sensível a esses nervos.
Dor abdominal, repletação, gases e inchaço por pelo menos 6 meses são os principais sintomas da SII. A dor e os outros sintomas muitas vezes:
·         Ocorrem após as refeições
·         Vêm e vão
·         São reduzidos ou desaparecem depois de um movimento do estômago





Pessoas com SII podem alternar entre constipação e diarreia ou ter um desses problemas.

  • Pessoas com diarreia têm evacuações frequentes, sem controle e líquidas. Eles sentem uma necessidade constante e urgente de evacuar que é difícil de controlar.
  • As pessoas com constipação têm dificuldade na passagem das fezes e movimentos intestinais menos frequentes. Elas muitas vezes têm necessidade de evacuar e sentem cólicas com os movimentos do intestino. Muitas vezes, elas não eliminam fezes ou eliminam apenas uma pequena quantidade de fezes.


O aparecimento deste quadro da Síndrome do Intestino Irritável, dificultando ainda mais no tratamento da minha filha. Está sendo um quadro novo, e uma adaptação nova de medicamentos, causando mais medo, ficando mais fragilizada, menos confiante.
Esta crise que minha filha ultrapassa agora foi a mais forte que vivi junto a ela, a mais dolorosa, a mais temida por mim. O seu dia é atordoado demais, nada para no estomago, digo nada, nem água, muitas dores no estomago, muitas cólicas intestinais, inchaço no estomago e intestino, ânsia de vomito todo o dia e diarreia constantemente. As noites são uma tortura, ela tem pesadelos constantes, fala muito, geme muito, e são nesses momentos de inconsciência dela que aproveito e lhe dou um biscoito doce para ficar em seu estomago e não faltar açúcar no sangue dela, dando uma hipoglicemia e uma parada cardíaca. Faço das noites dela uma vigília constate por mim, e os momentos que cochilo, acordo assustada e logo vou vê-la. Estamos tendo que ir ao Hospital uma vez por semana para hidratá-la com soro e tomar remédios para dor no estomago, já que não tem um lugar específico para ela se internar e fazer um tratamento adequado. CHEGUEI ONDE QUERO! O QUE MAIS QUERO; SALVAR A MINHA FILHA E MILHÕES DE MENINAS QUE ESTÃO DOENTES. Elas não têm um lugar próprio para tratar a bulimia e a anorexia. Entenda; se internam quando já estão morrendo, ou desnutridas, ou com sequelas irreversíveis. Aí os núcleos ou mesmo um Hospital Clínico as internam, mas por sequelas das doenças, não para um tratamento constante. O que mais quero é uma ala em Hospitais clínicos para tratar a bulimia e a anorexia. Não existem alas para aidéticos? Ala para cancerígenos? Ala para drogados? Clínicas para drogados? Porque não há ainda uma ala, uma clinica, para acolhê-las? Têm milhares de meninas morrendo com bulimia e anorexia, todos os dias, e porque ainda não tem um lugar para tratá-las de acordo com a necessidade da evolução da doença? Porque a sociedade, os responsáveis não tomam uma atitude o mais rápido possível? O que falta; mais mortes, quantas ainda faltam para uma solução?
Ontem fomos ao Hospital Felício Rocho para mais um dia de hidratação e medicamentos venosos para dor, e tivemos a sorte de ser o mesmo médico que a atendeu na semana retrasada, na semana passada. Coisas de Deus mesmo, ele é nutrólogo e assustou muito com a fisionomia e estado da minha filha, com a destruição que causou nela essa uma semana, não comentou nada com ela, consultei primeiro e conversamos muito, expus para ele toda essa minha indignação e preocupação em não ter um lugar para tratar essas doenças em um hospital ou clínica, ele parou, pensou e concordou, não é que é mesmo, não temos, não existe mesmo. O NIABE, interna, mas nas condições que você mãe me relatou, já em um estado de emergência, elas tratam um dia, dois e voltam para casa com o mesmo problema ou pior. Ele me indicou uma argentina, nutróloga com especialização em bulimia. Forneceu-me o site e o seu nome completo para que eu a procure com a indicação dele, para estudarmos a possibilidade de conseguirmos um lugar para elas se tratarem. Quem sabe, ela me direciona para as autoridades competentes, me ajude a chegar ao lugar certo, para salvar milhões de vidas e para mim a vida principal; A VIDA DA MINHA FILHA!
Tentei relatar da forma mais resumida possível, pois é um assunto que requerem mesmo muitos detalhes e informações; sei que falta muito conhecimento não relatado nestas linhas, mas não faltará oportunidade para registrá-los a todos. Inclusive estou criando um Blog para maiores informações que registrarei todos os dias. Assim que estiver ativado e atualizado, encaminho o endereço do Blog.

ASSIM TERMINO NA ESPERANÇA DE OBTER MUITO SUCESSO COM MEUS NOVOS CONTATOS E BOAS NOTÍCIAS EM BREVE.

Obrigada!

Luciana





quinta-feira, 28 de junho de 2012

TUDO SOBRE BULÍMIA


Algumas pessoas me perguntam:

Como mudar a cabeça de um Bulímico? Minha resposta é simples.

Você já tentou mudar algo dentro de si? Já percebeu como é difícil mudar uma crença, um hábito seu? Imagine tentar mudar a cabeça de outra pessoa? . . .


O que um Bulímico precisa não são pessoas a sua volta querendo mudar a sua mente, mas pessoas que realmente compreendam suas dificuldades.

Seria benéfico se ele ou ela tivessem ao seu redor pessoas que o apoiassem na busca de uma vida saudável, na busca da verdadeira paz interior e da qualidade de vida. Mas o que encontram são amigos e familiares dizendo o tempo todo o quando a Bulímia é errada.

A Bulímia pode ser uma opção ao começar, mas depois de um tempo se torna um vício, uma doença. Uma realidade que não depende só da escolha. Grande parte das pessoas bulímicas sabem o quanto é ruim a doença e se culpam.


Culpam-se por comer, por vomitar, se culpam por não serem perfeitos, se culpam pelos 3kilos a mais, se culpam por não conseguir se curar. Se culpam também por se deprimir, se culpam por terem tudo e ainda lhes faltarem o essencial que muitos julgam como superficial.

Alguém com Bulimia não precisam de lavagem cerebral e sim de informações sobre a doença e apoio daqueles que os amam e os tentam compreender. Informações básicas como, algumas consequências, sobre os alertas que o corpo dá quando falta nutriente e o que isso pode ocasionar em longo prazo.
O ideal é entender o problema ou a necessidade da pessoa que está doente e tentar aos poucos substituir para atos positivos aqueles atos autodestrutivos. Trabalhando nos sintomas e nos efeitos e com o tempo redirecionando a causa do problema para um novo hábito mais saudável.
Posted 20th May 2011 by Priscila Potira.


  
É quase inacreditável lembrar a importância que a Bulimia tinha na minha vida. Ela não me acompanhava só na hora do desespero. Ela me acompanhava todos os dias, todas as horas. No auge da doença, quando eu tinha certeza que isso era um vício, eu passei a colocar a prática do prazer da comer e vomitar como prioridade sobre as minhas atividades. Por muitas vezes me atrasei em compromissos e até cancelei saídas para praticar a Bulímia sozinha. Ter a casa vazia, sem ninguém pra me controlar, sem ninguém que eu tivesse que esconder o vomito, era a situação que mais almejava. Poder praticar a Bulimia sem ninguém por perto era indiscutivelmente a minha opção número 1! No fundo, eu sempre me arrependia, queria mesmo era sair com minhas amigas, queria sair de casa e me sentia péssima por me atrasar nas minhas atividades (ainda mais por este motivo)! Mas as horas sozinhas me seduziam tanto, os pacotes de biscoitos, os doces, as massas, os sucos! Comer é viciante, ainda mais quando você se sente um saco sem fundo, capaz de ingerir qualquer quantidade do mundo e não engordar. A Bulimia é muito sedutora e ela vai te levando para um buraco sem fundo, onde muitos não enxergam a saída. Eu fui escrava desse vício. Mas uma escrava que não queria a liberdade por muitos anos. Eu me enganava dizendo odiar ser bulímica, pois amava comer e vomitar. A escravidão de um vicio é um preço alto. Voltar a ter uma vida social normal é a recompensa de uma liberdade que não tem igual.
Posted 15th April 2011 by Priscila Potira. 
  
.
Poucos amigos pessoais sabem que escrevo este blog e nenhum deles acompanham meus posts. É um mundo completamente diferente e é preciso abrir a mente para ler sem julgar, para compreender as afliçoes de quem passou por um disturbio alimentar. Nao é fácil falar tao abertamente sobre as inseguranças, medos, vícios, loucuras e vomitos a todos. Não é o assunto mais confortável do mundo para se dividir com aqueles que se dizem normais.

Porém, se observarmos de perto ninguém é normal, todo mundo tem a sua loucura, o seu mundo e algo imperfeito dentro de si. Todo mundo procura ser perfeito em algum momento ou aspecto da vida, a auto cobrança existe mesmo longe do mundo bulimico. Assim como os vícios, a vaidade, o exagero, a ansiedade, enfim; temos características similares a de muitas outras pessoas que não passaram e nem passarão por um distúrbio alimentar, mas nem por isso me deixei de me achar um E.T nos anos que estive bulímica.

O simples processo de se alimentar, nem sempre foi tão simples para mim. Eu entendo que para muitos inclusive para meus amigos será sempre difícil de entender este meu lado, este meu passado e este meu eu. Mas este blog não é escrito pensando neles, e sim para as pessoas que vivem, viveram ou se aproximaram deste mundo. É confortável saber que quando escrevo aqui cada vez mais pessoas se identificam e dividem as mesmas dificuldades que passo e que um dia superei. E nesse mundo distante existe uma compreensão mútua, uma vontade de ajuda coletiva, pois sabemos do sofrimento, da dor, dos medos e da vontade e desejos que a Bulimia esconde.

Ler histórias é uma redescoberta ao próprio mundo, poder falar já é uma liberdade, se sentir compreendida é se indentificar, conseguir confiar, poder ajudar será sempre um prazer.
Posted 28th February 2011 by Priscila Potira.
  

Espero que vocês tenham tido um lindo Natal, o meu foi maravilhoso! E hoje é o último dia do ano, onde começam as promessas. O dia das despedias.... (urg tenho medo de lembrar da varias que tive, sempre me esbanjando de doces e prometendo, agora sim é a ultima vomitada).

Enfim, queria dizer que adorei escrever para vocês nesses 5meses e continuarei no ano que vem! 
NESTE ÚLTIMO POST DO ANO VOU FAZER ALGO DIFERENTE. Vou responder um comentário que recebi da Ariane e que gostei mto, porque era exatamente assim que me sentia e sei que muitos devem se sentir assim. 


AME SE, MESMO COM A BULIMIA, VOCÊ TEM PODE TER UM DEFEITO, MAS TAMBÉM TEM MILHARES DE QUALIDADES!  FELIZ ANO NOVO!

Ariane said...
"Eu queria sair dessa vida de bulimia, mais é impossível!
já fiz tratamento com psicólogo e muitas outras coisas, mas sempre volto na mesma tecla, nunca saio dessa tristeza e esse vazio.
não queria ser entendida e nem compreendida, só queria ser respeitada independente das minhas escolas e opiniões!”

.

Potira Marie said...

veja o post que eu falo de preconceito!
 (clique aqui para ler o post)
·...

Talvez o tratamento com psicólogos não seja o melhor pra vc, eu passei por mtos, fz terapia de grupo, psiquiatra, o remédio me ajudou nas compulsões.

Percebi tb q a bulimia às vezes vem de outros problemas, de inseguranças e decepções q nada tem a ver com o corpo, mas nos apegamos tanto na imagem q isso se torna de grande importância para todos nós.··.
Talvez os bulimicos devessem falar de outros problemas antes da bulimia. Falar para aliviar a dor, Falar da solidão, Falar sobre ter que se esconder sem ngm tentando convencer da cura. A bulimia é uma consequência, uma explosão, um grito e por pior que seja, são as dores sendo colocada pra fora de maneira errada.

Não é a comida que está indo pra fora, são os medos, a decepção, a insegurança. Guardar mágoa por muito tempo dentro do peito apodrece vira doença.

Trate seus medos, trate seus fantasmas, durante uma semana nem comente da Bulimia, deixe ela em segundo plano. Diminua o ritmo do vomito, dos laxantes por eles serem prejudiciais a sua saúde, não some mais problemas.
Mas não deixe de ser amar por ser uma pessoa Bulimica!

Se ame mais que tudo, mesmo com seus defeitos! Todo mundo tem imperfeições. Você pode ter Bulimia, mas tem um coração enorme!

Sim, a Bulimia faz mal, como cigarro faz como o álcool faz, mas não se anule por isso. Acredite vc não esta sozinha!

Texto de. Potira Marie @copyrights reserved

Posted 31st December 2010 by Potira Marie

 

 

Associação de Ajuda a pessoas Bulimicas

Queridos amigos, neste post convido a todos a participar da 


AAMICAS
Associação de Ajuda a pessoas Bulimicas
É UMA ASSOCIAÇÃO SEM FINS LUCRATIVOS COM A INTUIÇÃO DE PROPORCIONAR AJUDA, APOIO, PALESTRAS, DIVULGAR TRABALHOS SOBRE O ASSUNTO.

Para acabar com o preconceito e mostrar a realidade e a dificuldade de quem luta contra a compulsão.                                 
VISTA ESSA CAUSA!

AAMICA PRECISA DE PROFISSIONAIS DA SAUDE INTERESSADOS A AJUDAR, DE VOLUNTARIOS QUE SE INTERESSAM PELO ASSUNTO!

                                          
   NÃO SE CONSTROI UM CASTELO SOZINHO!
                                                                               aamicas@live.com
Interessados em atendimento online e familiares com dúvidas sobre como lidar com a Bulimia escrevam para aamicas@live.com

desabafar também faz bem!

Posted 16th December 2010 by Potira Marie
  


Vou contar como é de fato sair da bulimia. A pessoa se sente em uma montanha russa de emoções. É como o fim de um namoro inseguro, doentio e apaixonante. É sofrido e os dias sem recaídas parecem ser impossíveis. Só mais uma vez, por muitas vezes acontece. Só mais esse dia, mais essa semana, amanha eu começo e assim semanas e meses se vão.
Como é sofrido esse fim de namoro com a bulimia, basta aparecer 1kilo para voltar a chamar a mia de amiga. Só essa vez porque ninguém está olhando. Só até eu emagrecer 3kilos, depois eu paro prometo! Falava isso sempre e hoje é a frase que mais escuto de outras que enfrentam o problema.  A verdade é que anos se passam e os 3kilos não vão embora. E se eu parar agora, quantos kilos vou engordar? Pergunta que amedronta a todos que pensam em se curar.

Se você já se apaixonou de verdade, já sofreu e chorou por alguém. Já perdeu o fôlego e achou que não sobreviveria depois de um relacionamento que te marcou e hoje vive tranquilo/a sem a presença desse ser na sua vida. É exatamente isso que acontece com a bulimia. 

Os piores dias são os primeiros, parece que você não vai aguentar, os dias passam e ainda são sofridos, você finge estar tudo bem, mas está enlouquecendo por dentro, chorando pelos cantos, querendo gritar e alguns dias realmente não aguenta. Precisa se esforçar muito, muito mesmo!

A verdade que tudo passa, se permitirmos que isso aconteça.

Sim, os primeiros dias são um inferno, eu já estive lá! As primeiras semanas um sufoco, só vai começar a melhorar apartir do primeiro mês. Eu também achava impossível, mas você aguenta! Não será esse sufoco para sempre, a dor maior, a dificuldade maior é no começo! 

Muitas vezes terá vontade de desistir e vai acontecer igual aqueles fins de namoros que ao passar um mês agente volta a ligar por 3dias seguidos, por uma semana e chora e cai em recaída. "Sem você eu não vivo!". Até se fortalecer de novo, desejar algo melhor e recomeçar.

Deixe outras coisas preencherem a tua vida e teus pensamentos, se distraia para não pensar na bulimia, use roupas que valorize sua beleza, conquiste pelo carisma. Faça drenagem linfática, massagens, coma menos, corra, converse, mas se segure. Quarde dinheiro para uma lipo! O preço da Bulimia é muito mais alto! Se uma barriga chapada a fará feliz, sem que você tenha que recorrer a Bulimia será o dinheiro mais bem gasto do mundo!  

A bulimia não te merece, tenha força! Hoje não é dia de vomitar! 


Quando os primeiros dias passarem, chegarão as semanas e ao passar os meses você nem lembrará que foi tão difícil. E lá na frente quando estiver curada/o vai olhar para os outros que se encontram na bulimia e não vai acreditar que já passou por isso. 

Igual quando se olha uma foto de um ex namorado/a por quem um dia já foi muito apaixonada/o e hoje você vê que fulano/a não era tão bonito/a assim.

Texto de . Potira Marie @copyrights reserved

Posted 2nd December 2010 by Priscila Potira


Não posso afirmar com certeza nem que sim, nem que não.

Eu não me considero mais bulímica, mas sei que por ter sido viciada neste ciclo de alimentação eu tenho uma tendência a desenvolver de novo a bulímia ou outro distúrbio alimentar.

Algumas coisas também não mudaram. Mesmo depois de tanto tempo sem a doença, eu ainda tenho dismorfobia, não me vejo no espelho como as pessoas normais. Só consigo ver como eu realmente estou pelas fotos.
O espelho parou de ser o indicativo de como o meu corpo está. 
Não é fácil lidar com isso, pois gera uma incerteza sobre o próprio corpo.
Eu também presto atenção nas pessoas quando me falam que eu estou muito magra, não consigo me perceber magra no espelho, porém se eu engordar dois quilos, talvez não perceba, já que não tenho certeza se o que estou vendo é uma imagem real ou uma ilusão.

Durante estes últimos anos vivi em paz com meu peso, na maioria das vezes, como cortei a compulsão e os vômitos, eu tive mais problemas por emagrecer demais do que por engordar. Tomei os devidos cuidados para não cair na anorexia e algumas vezes até me alimentei por obrigação e não pelo prazer ou por fome. Enfim, não queria substituir um problema por outro, já que demorou tanto para sarar de uma doença, nunca quis entrar em outra. Tenho medo de qualquer vício, especiamelte aos vícios ligados a comida, ou a com falta de nutrientes.
Mas nas últimas semanas me senti um pouco deprimida, senti algumas decepções da vida e aumentei meu consumo de comida. Até hoje as pessoas me cobram muito por uma alimentação saudável e creio que eu também me cobro e tento comer bem, ou pelo menos comer 3 vezes ao dia, já que normalmente me alimento duas. Essa semana andei comendo muitos doces e besteiras andei comendo mesmo sem fome porque era horário das refeições. Comecei a sentir meu rosto inchado e resolvi me pesar. Estou dois quilos a cima do peso. Dois que podem ser 3, porque na verdade eu prefiro sempre manter 1 quilo a menos. Enfim. Não reagi natural, suei frio, me senti culpada, entrei em pânico como nos velhos anos bulimicos. Mas só são dois quilos! Poisé foi aí que eu pensei: "Será que uma vez Bulimica para sempre Bulimica?" No fundo eu acredito que não, pois deve ter havido outros dias nesses 5anos curada que eu engordei 2 quilos e com certeza não me preocupei como hoje.

A verdade é que a Bulimia tem que ser controlada e uma vez curada a pessoa vai ter que tomar cuidado e prestar atenção em comportamentos que a possam levar de volta para o quadro. Como eu falei é uma tendência, voltarmos a termos a doença, mas a preocupação exagerada não reaparece assim do nada. Talvez venha acompanhada de uma desilusão amorosa, uma decepção no emprego, uma insegurança emocional que refletem na autoestima da própria imagem.

Texto de. Potira Marie @copyrights reserved  
Posted 22nd November 2010 by Priscila Potira.
(RELATO ESPECIAL)
Parte I
Uma coisa que aprendi e que sempre falo para as pessoas que tem bulimia, é que a cura é gradativa. Eu acredito que existem pessoas que conseguem se livrar do dia para a noite da doença, apenas pela sua força de vontade. Porém não a maioria. A bulímia é mais do que uma doença. Ela é um vício. Uma rotina, uma dependência psicológica. Cada recaída é desesperador, pois ao passar os meses e os anos, a impressão é que a cura acaba se tornando cada vez mais distante de quem enfrenta a bulímia. 
 
Fiz entrevista com uns 5 psicólogos, não gostei de nenhum. Visitei duas nutricionistas e não consegui segui nenhuma dieta. Entrei no grupo de apoio na Escola Paulista de Medicina. E lá foi aonde dei o meu primeiro passo. Encontrei mulheres com o mesmo problema que eu. Isso me confortou. Descobri muita coisa da doença que eu não sabia. Descobri que os sentimentos que eu tinha não aconteciam só comigo. Naquela em época em 2002 não existia orkut, facebook, youtube. Era muito mais difícil de ter acesso a essas informações.
 
Hoje mesmo você não pertencendo a um grupo de apoio, pode encontrar pessoas com o mesmo problema em comunidades virtuais e trocar experiências. O ponto positivo é que hoje é possível procurar por ajuda sem sair de casa, pela internet. O ponto negativo é que não terá um acompanhamento de médicos e psicólogos adequado.

Não parei com a bulímia no grupo de apoio, mas entendi melhor a doença, senti vontade de me curar, mas ainda me sentia distante de uma cura de verdade. No ano seguinte o meu grupo não deu continuidade. Eu poderia ter me sentindo um caso perdido, aliás,
 eu tinha certeza que eu era um caso perdido. Eu imaginava que as mulheres que contavam histórias que estava há 6 meses, 9 meses sem bulimia eram todas mentirosas. Afinal o que elas faziam no grupo de apoio então? Confesso que no fundo, eu as invejava. Mas ouvia suas histórias e compreendia muito sobre mim mesma.
 
Parte II
Em uma das minhas crises, minha
 família ameaçou a me internar. Eu morria de medo de chegar a este ponto e sempre achei que minha mãe não teria coragem e se sentiria culpada. Eu já imaginava se o extremo acontecesse que viraria rebelde. Não falaria nunca mais com ela, sairia de casa, fugiria para o mundo. No fundo eu era uma adolescente desmiolada e sem esperança que não enxergava o desespero da minha família em me tirar dessa.
 
Fui entrevistada por uma psiquiatra a Doutora Patrícia, dura na queda e difícil de passar a perna. Digo isso porque
 eu mentia muito sobre minha doença. Menti para todos os psicólogos, menti no grupo. Nunca dizia toda verdade, nunca fui sincera de me abrir e falar. "EU VOMITAVA DE 3 A 5 VEZES NO DIA, TODOS OS DIAS!" Se eu conseguisse vomitar uma vez ao dia, já seria uma grande vitória. A este ponto eu já tinha 20anos de idade e 6 deles acompanhados da bulímia.

Eu tinha medo de terapia, eu fugia, me escondia, não gostava. Os 4meses seguidos que eu fui à doutora Patrícia, começaram a me colocar nos eixos. Ela exigia bastante de mim. No começo não fui com a cara dela, e acredito que nem ela com a minha. Mas por ter uma personalidade forte aos poucos fui sentindo a confiança que nunca havia sentido de nenhum outro terapeuta. A doutora veio com uma nova visão e apesar de ser psiquiatra, eu a adotei com minha psicóloga. O pouco tempo no consultório dela deu-se porque eu estava estudando em uma faculdade na Austrália e tirei um semestre para cuidar de mim no Brasil. Porém foi um tempo muito importante e um novo passo para a cura definitiva. Ela me prescreveu PROZAC, eu tomava 3 por dia e depois diminui para 2. Sempre fui contra a medicamentos. Porém o antidepressivo funcionou como um empurrãozinho contra a compulsão alimentar. 
 
Parte III
Passei as férias da faculdade de Natal e Ano Novo no Brasil com minha família, era o ano de 2005 começando e muitas coisas na minha vida mudaram.
 Já estava na Austrália há um ano e meio, entre altos e baixos com a bulímia. Quando voltei para o próximo semestre, eu mudei de casa, de curso, de faculdade, perdi um namorado por quem era apaixonadíssima. No começo sofri muito, descontava meus problemas no vomito. Aos poucos fui me readaptando e preenchendo meu tempo longe de casa e longe das tentações das comidas deliciosas.


Se ficasse dois dias sem medicação, eu sentia uma sensação ruim de Vico pelo remédio e uma vontade maluca de comer doces e chorar. Sabia que o remédio estava me ajudando muito, mas morria de medo de sair de uma dependência e entrar em outra. Com certeza outras pessoas também devem sentir isso. Esse medo. Se curar da bulimia também tem seu preço, mas vale a pena.

O problema é que por mais que eu me esforçasse, minha cura só durava duas semanas. 
Duas semanas era o tempo máximo que eu conseguia ficar sem vomitar. Sentia até um certo orgulho quando se passavam os 3 primeiros dias, mas no final da semana já vinha a culpa.
 Eu me sentia culpada de comer e mais culpada ainda de vomitar. 

Comecei a prestar mais atenção no que eu comia, como não tinha certeza se eu guardaria a comida dentro ou não, cortei bastante os doces e procurei uma alimentação mais saudável. Comecei a comprar comida orgânica, me interessar por legumes, arroz e coisas integrais, 
cortei carne vermelha, (hoje só como peixe). Perdi muito cabelo na bulímia e algumas comidas eu queria mesmo que ficassem dentro de mim para voltar a crescer mais cabelo, para me deixar mais bonita.


A cura de 2 semanas começou a se estender a até 2 meses. Mas a cada recaída eu achava super difícil continuar e recomeçar a contar do zero. Ficava mal durante 2semanas tendo crises de vomito 4 vezes ao dia, eu me entregava pela decepção de ter falhado e assim o ano foi passando.

Procurei fazer algo positivo no mundo, já que me sentia tão para baixo. Resolvi fazer trabalho voluntário com crianças deficientes. Quinzenalmente passava o final de semana em uma casa que acolhia estas crianças na cidade de Ballina. A vontade de ajudar alguém me fez ter mais vontade de me ajudar. Quando alguém te admira e acredita em você, faz você acreditar mais em si mesmo.
  
Parte IV
No mês de junho comecei a namorar com Australiano lindo com uma família maravilhosa que me apoiou muito enquanto eu estava lá. Para minha despedida em Dezembro marcamos uma viagem de três semanas de carro para o Nordeste Australiano. Antes de viajar eu me abri com este namorado, atitude que nunca tive coragem com nenhum outro. Tinha muito medo da reação, de ser largada, mas ele foi um doce. Compreendeu porque eu tomava o remédio, compreendeu meu defeito sem me julgar.

Ele me propôs diminuir a dose do remédio durante a viagem e tomar um comprimido ao invés de dois. Essa não é uma atitude correta, mas eu não estou contando essa história para tentar ser correta, estou simplesmente relatando a minha história. 

Fiquei com medo, mas por gostar tanto dele, por confiar tanto que ele queria meu bem, eu aceitei. Aceitei tentar e dividir isso com alguém. A viagem foi perfeita, divertidíssima, conhecemos muitos lugares, dormimos em campings, alimentamos golfinhos, visitamos ilhas, pescamos, tomamos banhos gelados, andamos de barco, de 4x4, roubamos manga do pé, nadamos pelados, rimos muito. Porém eu vomitei. Nada justifica minha recaída, a não s
er o medo de esquecer como vomitar. Eu confesso que este foi o medo mais infantil que eu tive, mas aconteceu.


Não tive compulsão, nem nada, foi realmente o medo do futuro, a falta do remédio, enfim, mesmo com tudo perfeito tive uma recaída. 

Tomei coragem e no mesmo dia, alguns minutos depois me abri com este namorado. Contei que eu havia falhado, que eu o havia decepcionado, e que entenderia se ele ficasse chateado comigo.
 (Eu já estava acostumada com este tipo de reação). Ao contrário de tudo que eu achava que iria acontecer, ao contrário do sermão de quanto à bulimia fazia mal que eu já estava cansada de escutar, este homem me apoiou. Ele simplesmente olhou para mim e disse. "Não tem problema, tá tudo bem". 
Eu fiquei sem entender nada, levei um choque com a reação dele, praticamente fazendo pouco caso da minha recaída. E foi isso mesmo que ele fez não se importou com aquela recaída com a mesma proporção que eu me importavam.
  
Ele ainda disse, que o importante não era aquela recaída e sim os outros dias que eu passei com ele na viagem sem vomitar. Falou que se até o fim da viagem eu continuasse com uma recaída, aquilo seria uma vitória. Ele enxergou o outro lado da moeda. Ele diminui o prazo de uma vida inteira sem a bulimia para 3 semanas.
 Eu percebi que eu não precisava recomeçar do zero. PORQUE EU JÁ NÃO ESTAVA NO ZERO Há MUITO TEMPO! Cada vez que eu tinha que recomeçar a contagem sem ter uma crise bulímica, era uma tristeza, um sofrimento, porque a cada recaída eu me enxergava como uma fracassada. Mas para ele não, ele já enxergava como uma vitória. Era um único dia contra 3semanas. Um único dia não poderia ter mais importância que os dias que passei bem e feliz.

Tive outras recaídas na vida, não naquela viagem, nem naquele ano, mas parei de contar. Talvez umas 4, eu já nem lembro mais o que me fez vomitar.
 Recaídas existem, mas agente não precisa recomeçar a contar do zero. O importante é prolongar cada vez mais o tempo entre elas. Valorizar cada passo até a cura. Ouvir cada palavra. Dividir uma história, não deixar de acreditar. A transformação demora um tempo, transformar um hábito, um pensamento, ter coragem. É PRECISO TER MUITA CORAGEM PARA CONSEGUIR VENCER ESSA LUTA, E AGENTE NÃO PRECISA E NEM DEVE SEGUIR NELA SOZINHA, EXISTEM PESSOAS QUE NOS AMAM OU QUE VEM QUE NEM ANJOS PARA NOS AJUDAR.

Sobre o remédio? Bem, continuei tomando 1comprido por dia. Ao voltar para o Brasil ainda fiquei um tempo com ele, voltei para o consultório da Doutora Patrícia, que depois de alguns meses me deu alta da medicação e eu não me viciei como eu temia, nem tive dificuldade de parar.


Texto de . Potira Marie @copyrights reserved
Posted 8th November 2010 by bastidores
Este é o primeiro post falando sobre EMAGECIMENTO SEM BULIMIA, COMO O ASSUNTO É GRANDE HAVERÃO OUTROS POSTS NO FUTURO FALANDO DISSO TAMBÉM E TE DANDO OUTRAS ALTERNATIVAS. 

EMAGRECER SEM BULIMIA. MEU ESQUEMA DE COMIDA (ATEÇÃO. ESSE ESQUEMA É SÓ PARA BULÍMICAS QUE ESTÃO TENTANDO SAIR DA DOENÇA SEM ENGORDAR, COMO PRIMEIRO PASSO. DEPOIS EXISTEM DIETAS MAIS BALANCEADAS PARA QUEM JÁ ESTÁ CURADA. RECOMENDA-SE QUE PROCURE UM NUTRICIONISTA)

Uma das grandes preocupações para quem quer se curar da doença é o medo de engordar.
Saber que você é capaz de manter um peso ideal e até emagrecer sem a bulimia é um sonho real pra muitas que estão em tratamento. Porém.....
Porém vai haver uma readaptação do corpo. Meu metabolismo demorava 2 horas pra começar a digestão, hoje ele é um relógio, até mais acelerado que o normal. Um dos maiores erros no julgamento de quem quer ajudar alguém com bulimia é tentar convencer a pessoa a engordar. A não ser em extremos casos onde a bulimica está com cara de anoréxica, o emagrecimento saudável é a melhor opção para a cura.
O primeiro passo é abandonar o famoso NF (no food = jejum) 
A abstinência da comida por um longo período faz com que a pessoa tenha 10 vezes mais fome lá na frente. Controlar a compulsão alimentar se torna muito mais difícil.

 No entanto a prática do LF (low food=pouca comida) pode ser boa se for praticado direito. Comer pouco e uma vez por dia, vai retardar seu metabolismo (demorar mais pra queimar calorias) Tente faz o low food diferenciado, "engane seu estomago" coma uma maior quantidade de "líquidos" deixe seu organismo trabalhando, queimando calorias por você.  Coma bastante folhas e alimentos de baixa caloria em maiores quantidades, deixe seu organismo com a sensação de satisfeito. Pra ele trabalhar melhor e você não ter mais compulsões. Coma no mínimo 2, mas o ideal seria, 3 vezes ao dia. Muitos nutricionistas aconselham até 6. 
O problema de falar para uma pessoa bulímica comer de 3 em 3 horas, é coloca-la na frente da tentação da compulsão de 3 em 3 horas. Por isso eu não sou a favor desse método. Acho que 3 vezes ao dia está ótimo.

Evite maçã, coma laranja ou tangerina! Maçã prende o intestino! Se seu metabolismo está lento, é a fruta menos apropriada. Laranja e tangerina são ótimas pra quem tem prisão de ventre. 

Nas duas vezes que for comer,
 coma um pouco de carboidrato e proteína. Não precisa ser um prato de macarronada com carne. Pode ser 2 colheres de arroz ou uma fatia de pão integral com espinafre, tofu, soja ou cogumelos. Isso é muito importante! Para ajudar a manter o seu nível de potássio equilibrado.  A falta e a deficiência desses alimentos podem fazer seu coração falhar e te levar a morte, ou a uma paralisia.

Texto de. Potira Marie @copyrights reserved 
 

Posted 17th September 2010 by Pree


A Primeira ajuda é não ignorar o fato nem a doença e nem esperar que venha do bulímico conversar sobre seu problema.

A bulimia é uma doença muito séria. Como eu já mencionei antes, o estado de saúde do paciente não é o reflexo da sua magreza (como no caso das anoréxicas) e pode levar a morte!

Segundo Passo. Cuidado com os comentários do tipo "é por isso que você está engordando, olha o quanto comeu", "que bom que você engordou um pouquinho, tá mais bonita", "Você engordou", "Vai repetir o prato? Bom depois não reclama", "Fulana engordou né", ou "Ciclana é tão magrinha, tão elegante” “vai comer tudo pra vomitar depois?”

Parece óbvio pedir isso, mas muitas famílias não se dão conta que dentro de casa existe um grande julgamento sobre o que se come e o sobre o quanto às pessoas que estão dentro e fora de casa engordou ou emagreceu.

Terceiro passo Não ignorar a importância que o corpo tem na vida da pessoa doente.
Se você chegar falando que muito magro é feio, ou que, o que importa é beleza interior, vai se tornar cada vez mais uma peça distante da visão do bulímico. Tente um outro argumento, do tipo

 “Eu compreendo o quanto ter um corpo perfeito é importante pra você, mas esse meio pode te levar a morte, de deixar paraplégica, sem cabelo, sem dentes. Você quer ser uma magrela careca e com dentes podres? “

" Quero te ajudar a sair da bulimia sem que você engorde com isso", "deve haver outro meios, vamos pensar junto".

 “Conte comigo, fale comigo", "Fico triste em te ver assim, mas ficarei mais triste se você não confiar em mim, não dividir seus medos comigo, vamos procurar ajuda junto”

Quarto Passo. Evitar comprar grandes porções de alimentos e armazenar em casa, literalmente trancar ou esconder do bulimico.

É uma atitude dramática mesmo para família, mas quanto menor a tentação de comer compulsivamente no lar, caiem as chances das crises.


Quinto Passo. Evitar levar o bulimico para restaurantes de Buffet e rodízio! Pelo mesmo motivo da tentação compulsória.

Sexto Passo. Fé
Não importa a religião, mas já foi cientificamente provado que a fé é uma importante peça em qualquer tratamento. Reze, acenda velas, pule de um pé só, pague promessa, não importa o que você faça para ajudar, mas acredite! Acredite na cura!

Sétimo passo. Se informe, compreenda, se coloque no lugar do bulimico.
Nada melhor que a informação para abrir nossos olhos. Estude, converse com outras pessoas que tem a doença, com especialistas. Não tenha medo de ser leiga/o sobre o assunto, quem se julga saber de tudo, ainda não sabe de nada.

Oitavo Passo. Converse!
Não guarde a dor só com você, converse com quem você ama e confia. Divida seus medos com o ente querido que esteja bulímico, fale com ele/a. Deixe um canal aberto entre vocês para que ele/a também te procure quando precisar desabafar. Aumente o laço de amor e confiança entre vocês

Nono Passo. Procurar um especialista em transtornos alimentares. Vale lembrar que há vários tratamentos em grupos no Brasil que são financiados por universidades federais, sendo assim o custo do tratamento é zero.

Quem tem bulímia morre de vergonha de falar da doença e se expor na frente de estranhos pode ser muito difícil. Por isso é preciso o apoio familiar para que ela ou ele converse com um especialista e procure um grupo de ajuda o mais rápido possível.

Décimo passo. Paciência!

De todos estes é o mais difícil, pois a família quer uma cura imediata, imagina que em um ou 2 meses o ente querido vai sair do quadro. O tratamento pode demorar anos. Recaídas serão normais, vai te dar um desespero, uma angustia, mas é melhor você não se iludir. É melhor que o bulimico/a que você ama tenha a doença controlada, do que esconder de você.

Acredite desacreditando nas curas do seu ente querido. Lembre-se que ele ou ela pode estar a 2 meses sem vomitar e isso não significa a cura, existem as recaídas. Uma pessoa bulímica tem o hábito de mentir sobre sua alimentação e sobre os episódios de vômitos. Fique atento/a!

Texto de. Potira Marie @copyrights reserved
Posted 14th September 2010 by Pree
Uma das coisas que percebi, foi que, mesmo fora da bulímia, eu tinha atitudes e que eram parecidas com meu comportamento "bulímico".
Pra quem conhece a doença de longe, entende que bulimía é comer e vomitar. Bulímia é além disso. É um comportamento. Vou tentar explicar como a doença funcionar e o sobre o seu ciclo.

Uma pessoa bulímica sente um enorme vazio dentro de si, junto com este vazio existe também uma forte cobrança. Este vazio pode estar ou não relacionado há várias horas em jejum, e esta cobrança pode estar ou não ligada ao perfeccionismo do corpo. Porém muitas vezes nem o próprio paciente se dá conta que o vazio físico é apenas reflexo de um sentimento interior. 

 
Este vazio pode também ser psicológico e a compulsão da comida vem suprir tanto a parte emocional, como a física. Quem está triste e carrega um vazio,
 também carrega dor, talvez uma dor e uma cobrança que sufoca. 

O ato de vomitar alivia o peso da cobrança por um corpo mais magro e também alguma parte emocional que está prestes a explodir. E assim você entende a razão do alívio e a felicidade de praticar o ato bulímico.

Fora o comportamento "bulímico amoroso" que comentei antes no outro post. É curioso ver que eu sempre vivi nos extremos em relação à arrumação, por exemplo, sempre deixando as coisas para o último momento e exagerando na limpeza quando eu resolvia me mexer.

Mas o que isso tem haver com comer e vomitar?
Tudo!

 

A partir do momento que não se tem uma disciplina na comida, talvez não se tenha uma disciplina em outros aspectos da vida e fica aquela a ilusão do controle, vivendo sempre nos extremos.

Exemplo 1. Disciplina da arrumação
Eu deixava o quarto ou casa bagunçada e quando ia arrumar queria fazer faxina, separar as roupas por cores, eu exgerava. Eu não arrumava um pouquinho todo dia, eu sempre deixava pra arrumar tudo de uma vez só, perdendo horas, sendo detalhista.
Exemplo 2. Disciplina para entregar um trabalho. 
Eu não me preocupava em dividir o trabalho na semana, eu deixava sempre pra última hora e passava a madrugada trabalhando e querendo fazer tudo de uma vez e perfeito.
Exemplo 3. Disciplina de horário
Eu tinha e tenho até hoje dificuldade com horário, deixo até o último minuto pra sair de casa e quero correr com o carro para chegar a tempo.

Quem não tem disciplina na comida, não segue os horários das refeições, vive uma montanha russa também em outros aspectos da vida. Seja ele no relacionamento, na arrumação, no horário, no trabalho, não dá pra generalizar. Mas em algum outro lado, o bulímico estará também indisciplinado. Querendo consertar e dar o melhor de si sempre no último segundo, chegando a ser até perfeccionista de último instante.

Texto de . Potira Marie @copyrights reserved
Posted 13th September 2010 by Pree
A bulimia que causa depressão ou seria a depressão que te leva à bulimia? 
Quem vem primeiro o ovo ou a galinha?
Em algum período da doença o bulimico/a vai encarar o medo, a solidão e o desespero.
Vai se deparar com um vazio inexplicável e se sentir incurável.
 A depressão vem e vai como as recaídas.

Assim como a ansiedade que sufoca e uma vontade de gritar absurda, mas o corpo se controla para não perturbar os vizinhos. A comida entra e sai em um ritmo acelerado. Milhões de coisas parecem entrar na cabeça ao mesmo tempo. Só mais uma vez e muitas últimas vezes se repetem.

Em um quarto sozinho, ou em um banheiro trancado.
As incertezas tomam contam. Porque não existe uma mágica para encher o corpo de energia e vontade?
Eu sei que o esporte é um grande aliado na cura da depressão, mas tenho preguiça só de pensar em caminhar pelo jardim. Posso me exercitar pela internet? Posso me exercitar limpando a casa?


Sim limpando a casa, arrumando o quarto, aliás, não espero que ninguém depressivo saia de casa para fazer corrida. Isso seria exigir demais. Mas a faxina no próprio quarto seria um grande começo e um ótimo exercício para a mente e para o corpo.


Não vomito há anos, mas ainda tenho medo de tantas coisas. Quando encaro uma incerteza, me recolho. Verdade que muitos de nós que passamos pela doença ou que ainda se encontra nela temos uma tendência a ter depressão. Nunca caí em depressão profunda, mas às vezes me sinto fazendo corpo mole, sem vontade de sair de casa. Tem horas que quero sumir um pouquinho não atender ninguém.


Eu queria fechar meus olhos e quando abrisse visse todas as coisas que mais quero na vida resolvida. Mas nada é fácil. Nem a cura, nem as conquistas antes ou depois da cura. Nessa hora eu só lembro de uma coisa. Sem esforço não há vitória.

Texto de . Potira Marie @copyrights reserved
Posted 12th October 2010 by bastidores
  
Existe uma sensação que pra mim é pior do que 1quilo a mais na balança. A Sensação de que comi demais. Chega a doer o estomago, os enjoos aparecem sem esforço. O desconforto é inevitável. É normal uma pessoa Bulímica exagerar na comida. Aliás, o nome Bulimía vem da frase "fome de boi". E cá entre nós se sentir como um boi gordo não é nada gostoso.

O desconforto é físico e não apenas psicológico.
 Semana passada eu exagerei na comida, já tinha comido um lanche e aceitei o convite do meu namorado para jantar no sushi. Comi de gula, por prazer e acabei comendo mais do que meu corpo está acostumado. Suei frio, passei mal. Deitava na cama e nenhuma posição me era confortável. 
  
Passei a noite inteira tendo pesadelos horríveis. Acordava no meio da noite e sonhava outra coisa bizarra. Não me lembro ao certo, mas acho que devo ter tido uns 4 pesadelos só naquela noite. Exagero? Confesso que não.

Sentir-se cheia pode ter vários significados. Podemos estar cheio da vida, das pessoas, das aparências e não só de comida. Estar cheio não é uma boa sensação. É SUFOCANTE EM TODOS OS ASPECTOS!!! Evitar a chegar neste ponto é uma grande solução. Mas como reconhecer quando estamos perto do perigo? Como controlar os impulsos? OBSERVANDO E TREINANDO. Evitando em estar em situações perigosas que te coloquem a prova.Se você não é capaz de recusar um prato de comida que te colocam na sua frente, não vá a um lugar que vai ter comida a sua frente, ou recuse o prato. Se não é capaz de parar de comer até acabar o pacote de biscoitos, compre um mini pacotinho de 2 unidades!

Eu sei que nessas horas o vomito é uma válvula de escape e é como espremer aquela espinha dolorida que tanto incomodava, é como desencravar uma unha...... ufa, que alívio! Mas assim como espremer espinha deixa marcas, vomitar e usar laxantes também!
Posted 25th May 2011 by Priscila Potira.
A Bulimia é uma doença que destrói a autoestima. Primeiramente a pessoa não se acha capaz de emagrecer, depois não se acha capaz de se curar e por último, a pessoa se esconde do mundo por vergonha da sua condição.


Quando eu tinha bulimia, me sentia o oposto do que eu mais queria ser. Sentia-me gorda, dependente e doente. No entanto, meu maior desejo era conseguir ser magra, livre e saudável. Não me lembro de quadros depressivos extensos em minha vida, mas vivi uma montanha russa de emoções. Sentia-me muito triste com minhas recaídas e mais tristes ainda com qualquer dois quilos a mais.
  

As pessoas julgam que os “pequenos” motivos como dois quilos a mais, não são o suficiente para deixar alguém doente e nem merecem tanta atenção. Porém algumas das pessoas que enfrentam a bulimia ou a anorexia preferem perder uma perna, ou morrer ao ter que viver acima do peso.


Não são os motivos que são pequenos, apenas as pessoas que tem percepções e sensações muito distintas de alguém com distúrbio alimentar.

A “prima” da bulimia, a famosa anorexia é campeã mundial em índice de suicídios. Tanto o voluntário quando há a intenção de se matar, como o involuntário, quando a pessoa morre antes do tempo por atos irresponsáveis.

Nenhuma razão deve ser ignorada ou taxada de fútil. Compreender o valor e a dinâmica que um quilo a mais tem na vida de alguém com transtorno alimentar é uma difícil missão para qualquer terapeuta. Porém dentro desse quilo a mais pode estar o peso de uma vida inteira e a imagem corporal pode ser apenas um símbolo de dores, incertezas e traumas.
Posted 2nd August 2011 by Priscila Potira.